terça-feira, novembro 15, 2011

Pontos de Reflexão do Caminho Vermelho Xamânico Tolteca da Vida

Sobre verdade e mentira na arte do conhecimento da vida:


A mente é solo fértil para conceitos, idéias e opiniões. Se alguém nos conta uma mentira e acreditamos nela, aquela mentira cria raízes em nossa mente. Ali pode crescer e se fortalecer, exatamente como uma árvore. Uma mentira pequena pode ser muito contagiosa e  espalhar suas sementes de uma pessoa a outra, quando a partilhamos com alguém.

O conhecimento penetra nossas mentes e reproduz ali uma estrutura que é tudo o que sabemos. Com todo esse conhecimento na cabeça, só percebemos aquilo em que acreditamos, só percebemos nosso próprio conhecimento. E o que conhecemos?Mentiras, principalmente mentiras.

No momento em que a árvore ganha vida em nossa mente, ouvimos o anjo caído falando muito alto. A voz nunca pára de julgar. Ela nos diz o que é certo e o que é errado, o que é belo e o que é feio. O contador de histórias nasce dentro de nossa cabeça e sobrevive ali porque o alimentamos com nossa fé.

O céu existe quando nossos olhos espirituais estão abertos, quando percebemos o mundo através dos olhos da verdade. Depois que as mentiras nos prendem a atenção, os olhos espirituais se fecham. Caímos do sonho do céu e começamos a viver o sonho do inferno.

O céu nos pertence porque somos filhos dele. A voz em nossa mente não nos pertence. Ao nascermos, não trazemos aquela voz. O pensamento vem depois de aprendermos – primeiro as mentiras. A voz do conhecimento surge quando acumulamos conhecimento.

Antes de engolirmos as mentiras que acompanham o conhecimento, vivemos na verdade. Só dizemos a verdade. Vivemos em amor, sem nenhum medo. Obtido o conhecimento, passamos a nos julgar inferiores; sentimos culpa, vergonha e necessidade de sermos punidos. Começamos a sonhar mentiras e nos separamos do Grande Espírito.

No momento em que nos separamos do Grande Pai começamos a buscar por Ele, pelo amor que acreditamos não possuir. Os humanos estão continuamente em busca de justiça, de beleza, de verdade – de nosso jeito de ser que precedeu à crença em mentiras. Buscamos nosso Eu Autêntico.

Há um conflito na mente humana entre a verdade e o que não é a verdade, entre a verdade e as mentiras. O resultado da crença na verdade é bondade, amor, felicidade. O resultado de acreditar em mentiras e defendê-las é injustiça e sofrimento – não só para a sociedade, mas também para o indivíduo.

Todo o drama dos seres humanos resulta da crença em mentiras, principalmente sobre eles próprios. A primeira mentira em que acreditamos é EU NÃO SOU: eu não sou do jeito que deveria ser, eu não sou perfeito. A verdade é que todo ser humano nasce perfeito porque só existe a perfeição.

Nós, seres humanos, não temos a menor idéia do que realmente somos, mas sabemos o que não somos. O ser humano cria uma imagem de perfeição, uma história sobre aquilo que ele deveria ser e começa a perseguir essa falsa imagem. A imagem é uma mentira, porém investimos nela nossa fé. Depois construímos toda uma infra-estrutura de mentiras para sustentá-la.

A fé é uma grande força no ser humano. Se investirmos nossa fé numa mentira, para nós ela se tornará verdade. Se não acreditarmos que somos suficientemente bons, então, seja feita a vossa vontade, não o seremos. Se acreditarmos que iremos falhar, então falharemos, porque nossa fé encerra semelhante poder e magia.

Como seres humanos, podemos perceber a verdade com nossos sentimentos, mas quando tentamos descrever a verdade só podemos contar uma história que distorceremos com nossa palavra. A história pode ser verdadeira para nós, mas isso não quer dizer que seja verdadeira para os outros.

Todos os seres humanos são contadores de histórias, cada um com seu ponto de vista exclusivo. Quando entendemos esse fato já não precisamos mais impor aos demais nossa própria história, nem defender aquilo em que acreditamos. Em vez disso, viramos artistas e, como tal, temos o direito de criar nossa própria arte.