sábado, maio 08, 2010

RAPÉ: "UMA BREVE HISTÓRIA"

Embora o rapé seja uma palavra de origem francesa, que significa "ralar", "raspar" (râper), sua origem e uso são bastante característicos das culturas indígenas sul americanas, em especial, as amazônicas.

Essa cultura influenciou até a Corte Portuguesa, na época do Brasil Colônia. Até o início do século XX, no Brasil, ainda era comum tal hábito. Atualmente o rapé vem ressurgindo com grande força, por conta da crescente influência natural indígena-xamânica em nossa cultura urbana, como podemos facilmente identificar em sites de relacionamentos e no Google.

Eu mesmo, que possuo heranças portuguesas em minha árvore genealógica, ainda possuo uma caixa de rapé confeccionada em prata, que fora utilizada por meu bisavô.
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Alguns destes, já mais industrializados, podem ser encontrados e vendidos em tabacarias. Existem os confeccionados por indígenas, para determinados fins ritualísticos, com várias outras substâncias naturais e expansoras de consciência. Também têm aqueles que são confeccionados por alguns não-indígenas, de forma artesanal. Atualmente fala-se muito na "cultura do rapé", que agrega todos que fazem uso, um público mais específico.


Os rapés de uso mais comum, em geral, eram e ainda são elaborados exclusivamente com folhas de tabaco já raladas, ou ainda, pedaços da folha do fumo enroladas e prensadas, para que o possuidor pudesse ralar na hora em que fosse utilizar, pois assim mantinha-se potencializado seu aroma característico.
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A maior finalidade da utilização do rapé, principalmente pelos portugueses, era a produção sucessiva de espirros, pois o fato de provocar as mucosas nasais para produção dos mesmos, era a de gerar uma grande sensação de prazer, além de ser considerado um ato de grande fineza e elegância, na época. Muitos já andavam com sua caixinha de rapé e lenço no bolso.


Existem vários tipos de rapé, finalidades e maneiras de utilização, principalmente dentro das tradições indígenas. Na forma mais comum e popular, são aspirados uma pitada em cada narina. Outra forma de utilizar o folha do tabaco é mascá-las, dizia-se que era para clarear os dentes, uso ainda encontrado no interior, em culturas mais regionais.
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A inalação de vegetais 
(Yopo, Paricá, Tsunu, etc.) já era utilizada pelos índios há centenas, até milhares de anos, principalmente os sul-americanos, para produzir cura, expulsar a "panema" (doença do mal olhado, azarado, mau agouro, etc.), equilíbrio homeostásico (temperatura do corpo) e expansão de consciência, bem como, até os dias atuais várias tribos mantém esta sagrada tradição (Kaxinawá, Huni Kuin, Yawanawá, Tupari, etc.), de maneira mais ritualística (expansores de consciência ou psicoativos) no intuito também de se comunicarem com os espíritos ancestrais e ou encantados (espíritos da natureza relacionados aos vegetais, animais, mar, enfim, também ditos elementais), auxiliares ou ajudantes de cura, ou ainda, os Aliados-Guia, a fim de obterem a solução de algum problema do familiar, parente, tribo, enfermo ou cliente.

Também já foi encontrado pimenta-do-reino nas narinas e abdome de Ramsés II, no Egito, bem como, em sua mumificação junto com outros bálsamos e gomas tais como mirra, olíbano e canela, segundo Manniche em seu livro "Egyptain Herbal".

Como podemos observar a utilização dos compostos vegetais, entre eles o rapé, já é algo muito antigo e cada tradição e cultura fazem uso de substâncias naturais diferenciadas e com objetivos distintos. A folha do tabaco sempre foi utilizada pelos índios-xamãs-pajés para cura e exorcismo, auto-conhecimento e conexão espiritual, pois os mesmos sabiam utilizá-la em sua forma natural, dita selvagem, para alcançar tais objetivos.
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A Gavião-Real por todas as razões expostas acima, encontrou uma maneira de resgatar tais conhecimentos tradicionais com alguns princípios fitoterápicos, no intuito de elevar a saúde, equilíbrio e bem-estar, conjugando saberes científicos convencionais com alternativos ou holísticos (Fitoterapia, Aromaterapia, Fitoquímica, Farmacologia, Etnobotânica, etc.), para o benefício da saúde humana.
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POT-POURRI FITOAROMÁTICO

Pot-pourri é uma palavra também de origem francesa que objetivamente significa "mistura", ou seja, o Rapé 7 Ervas - Gavião Real (Txamihakabu Dxãdxê Meãdxú)* na verdade é uma mistura de vários compostos vegetais (ervas, raízes, sementes, entrecascas, etc.) em diferentes proporções que tem por finalidade primeira, auxiliar o restabelecimento da saúde olfativa e das vias aéreas, principalmente aqueles que sofrem de rinite e sinusite, aliviando consideravelmente ou restabelecendo o equilíbrio orgânico, a saúde e bem-estar respiratório, gerados por desequilíbrios desta importante função orgânica, que tanto compromete a saúde física, mental e emocional. Por experiência própria, há mais de dez anos, possuía uma rinite alérgica e sinusite crônicas e após despertar para esta necessidade, não só minha, mas de muitos, passei então a estudar mais profundamente e consumir os produtos naturais de origem vegetal, que pudessem servir como um grande auxiliar de cura para tais problemas. Não só eu, amigos e familiares tivemos resultados surpreendentes, mas várias pessoas que dele fizeram uso, tiveram a cura total ou no mínimo, uma grande e significativa melhora, sem nenhum tipo de efeito colateral. 
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Como já citado acima, essa valiosa “mistura” ou Pout-pourri herbário conta com a presença de ervas com princípios Fitoterápicos (Fito=planta e terapia=tratamento), um ramo da Ciência ou Medicina Alternativa que estuda os princípios ativos dos vegetais, oriundos dos conhecimentos de antigas tradições, principalmente as indígenas-xamânicas, e que hoje contamos com os estudos Etnobotânicos, Farmacológicos e (Fito)Químicos amparados por lei e cujo órgão regulador ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) detém o controle de qualidade sobre os mesmos. 

A busca de tais conhecimentos, sobretudo sua utilização é tão antiga quanto o homem, pois, desde os hominídeos já surgia tal prática, bem como, em todas as civilizações no mundo, principalmente entre os aborígenes, nativos ou autóctones, pessoas que tinham sua cultura, religião e subsistência voltadas para terra-Mãe, a natureza e seus ciclos. Aqui em solo brasileiro, contamos com tamanho conhecimento e herança ancestral indígena, associados também a outros conhecimentos agregados, proveniente da miscigenação cultural-racial em nosso território pelos brancos-europeus e os negros-africanos. Hoje, os estudos fitoterápicos é um fato mundial, inclusive já sendo implantado no SUS (Sistema Único de Saúde), onde cada vez mais as pessoas vêm se "reconectando" ou retomando o olhar para esta realidade, bem como, sua relação interna e externa com a natureza para fortalecer a saúde, o reequilíbrio, cura, beleza, paz, bem-estar, etc.

As ervas de fato nos ajudam em muitas disfunções orgânicas, também mental, emocional e espiritual. Os aromas também são imprescindíveis. É através da Aromaterapia que venho complementando esses conhecimentos e adicionando-os ao Rapé, pois a mesma, é um seguimento que nasce da Fitoterapia, que há muito vem se desenvolvendo e se aprimorando. Os egípcios eram extremamente conhecedores desta arte, pois os óleos essenciais (OE ou OEP) são extratos líquidos potencializados de uma erva ou substância, pois o mesmo contém o princípio ativo concentrado de um vegetal ou parte dele.

 RAPÉ DA GAVIÃO REAL: “UM POTENTE AJUDANTE OU AUXILIAR DE CURA”

O conceito de ervas na perspectiva indígena-xamânica é que estas são nossas “ajudantes ou auxiliares de cura”, bem como, os animais, nossos “aliados-guia”, pois as mesmas possuem sua força natural, energia, medicina, química, enfim, sua potencialidade de cura, nos servindo de alimento para o corpo e espírito. Para os nativos em geral, cada ser vivo contém seu espírito-alma, sua contraparte etérea, espiritual e cada espírito contém sua medicina, sabedoria, força e poder divino.

No início da criação “a Natureza falava de Deus”, pois Ela ensinava aos homens sua história, origem, a vivermos em paz  e harmonia com todos os seres (e até hoje “falam”). Seu surgimento no planeta foi muito antes do surgimento das primeiras espécies humanas. Quando aqui chegamos, a Natureza humildemente já estava posta a nos servir, em todo seu explendor, um banquete de riquezas naturais, como uma mãe a nos abrigar e alimentar, porém, deveríamos conscientemente honrá-la, amá-la e preservá-la, pois Ela, a Mãe-Natureza, nos fala de conhecimentos antigos, nos reconecta à nossa essência mais profunda, que é "Estar em Deus", pois tudo é emanação do Grande Criador.

Reiterando este princípio, a Gavião-Real entende que o Rapé 7 Ervas é potencialmente um grande auxiliar-ajudante de cura, mas que zela pelo bom senso e rigor às leis, de forma que não recomendamos sua utilização em substituição ao método tradicional de nossa Medicina, portanto, sua utilização contra-indicamos a menores de 18 anos, gestantes, lactantes (mulheres em fase de amamentação), portadores de debilidades cardiovasculares, pressão alta, pessoas que possuam quadros de epilepsia ou algum distúrbio neuro-psíquico. Ainda que seja um produto de origem natural, sabemos que podem existir reações adversas em pessoas possuidoras de maior sensibilidade que a comum.

A Gavião-Real trabalha de forma muito criteriosa na manipulação deste grande composto vegetal com dosagens diferenciadas para cada componente nele presente. O refino das ervas se dá em alto valor, tornando-se um pó vegetal extremamente refinado, sem cascalhos maiores que possam causar incômodo ou desconforto nasal, com uma capacidade de atingir profundamente seu objetivo.

Os óleos essenciais são praticamente extraídos das ervas diretamente para o seu organismo, através de laboratórios químico-farmacêuticos especializados em manipulação de produtos vegetais. Portanto, nossos óleos não são os mesmos encontrados em casas de perfumarias, para confecção de perfumes e sais de banho, por exemplo, pois essas mesmas essências já estão manipuladas, diluídas e automaticamente fixadas em outras substâncias-base, normalmente de origem mineral. 

O que temos nesse caso, é mais o aroma, perfume/fragância e não o produto original em sua forma pura que devem vir sobre o selo OE ou OEP, Óleo Essencial ou Óleo Essencial Puro (ambos têm a mesma conotação) e que são utilizados pelos aromaterapeutas profissionais e pela Gavião-Real, com a finalidade de obterem seus princípios terapêuticos e fitoquímicos, no auxílio à saúde e bem-estar humanos, não obstante, esta composição também contém, dentre outros, um óleo natural que é a seiva, "o choro encantado" de uma árvore, uma resina muito sagrada para os índios do Brasil e EUA, muito utilizada para esta finalidade curativa.

A Gavião-Real se reserva ao direito de não expor aqui todos os componentes vegetais e percentuais utilizados em sua fórmula, no intuito de preservar o seu direito de criação e qualidade do produto, evitando assim "os piratas" que tem por finalidade primeira a obtenção indiscriminada do lucro, esquecendo-se de sua qualidade, outros ainda, geram na maioria das vezes medidas paliativas, visando a obtenção indiscriminada do lucro e não a saúde e bem-estar humanos, tornando-nos escravizados pelos mesmos.

O Rapé 7 Ervas existe há pouco mais de dez anos. Foram realizados vários estudos e experimentos num período de 2 (dois) anos, até ser fechada definitivamente sua fórmula. Vejamos logo abaixo as debilidades, desarmonias ou disfunções orgânicas que o Rapé da Gavião Real nos serve como grande auxiliar, não só pelos seus princípios fitoterápicos e aromaterápicos, mas pelas diversas experiências pessoais que tantos já obtiveram.

O Rapé 7 Ervas ou Pout-pourri Fitoaromático Gavião Real primeiramente nos auxilia em alguns casos que envolvam problemas do trato respiratório e subseqüentemente em outros diversos, tais como: sinusite, rinite, gripe, resfriados, expectorante pulmonar (secreção/catarro), inflamação de garganta e congestão nasal. E também:  aquece, estimula e tonifica o organismo; energiza; em alguns casos, um auxiliar diurético; bom para estados depressivos e apatia; ajuda a melhorar o estresse físico e a exaustão mental; ajuda a melhorar a auto-estima, coragem e autoconfiança; em alguns casos pode melhorar insônia, em outros, pode provocar a diminuição das horas dormidas ou o estímulo para aqueles que se sentem muito debilitados, sem ânimo; ajuda a transformar as “energias intrusas negativas” em potenciais criativos, força e vontade consciente; ajuda a desfazer e eliminar gases estomacais e intestinais (flatulência); auxilia na digestão; ajuda a acelerar o metabolismo orgânico; ajuda a regularizar funções intestinais; ajuda como um antiséptico natural; pode melhorar enjôos e vômitos; ajuda a transformar tristezas e mágoas em dinamismo e otimismo; pode auxiliar nos casos de roncos noturnos; ajuda a melhorar funções digestivas e excretoras; ajuda a estimular a mente e a memória; ajuda ao bom funcionamento dos nervos e cérebro; muito bom para fumantes (tabagismo) pois ajuda a limpar os pulmões ao eliminar placas de catarro já há muito retidas nos brônquios pulmonares.


.MODO DE USAR
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Não é correto dizer que o rapé se "cheira", mas o processo de autoaplicação do rapé é dito que se "toma", logo então, eu irei "tomar rapé", este é o correto pronunciamento. Quando a aplicação é em outra pessoa, dizemos que "vou passar o rapé". 

O uso recomendado, para que se possa obter uma melhoria e fortalecimento das funções indicadas, em geral, é de 1 vez ao dia, no período de 21 (vinte e um) dias corridos, com intervalo de 7 (sete) dias seguidos, ou seja, retornar no vigésimo nono dia, respeitando sempre a parada de sete dias corridos após uso contínuo dos vinte e um, pois dessa maneira evitaremos a adaptação do organismo ante o princípio ativo do produto, tornado-o pouco eficiente. Seu uso também poderá ser intercalado (dia sim, outro não), a critério pessoal ou conforme necessidade do momento. Nos casos crônicos ou de intensa crise que requerem uma urgência e tratamento intensivo da debilidade, recomenda-se o uso de 2 a 3 vezes ao dia. Porém nesse caso, não fazer uso em tempo maior que sete dias, já que uma vez ao dia já é suficiente para que a pessoa obtenha todos os benefícios do produto. Indicado na parte da manhã, após o desjejum (café da manhã) ou para quem preferir, antes de deitar-se para dormir, pois, é de suma importância a verificação do efeito do produto, se o mesmo lhe proporcionar mais energia e vitalidade (Yang) ou se lhe proporciona mais relaxamento e tranqüilidade (Yin). A sua dosagem inalada é ínfima para cada narina. Apenas uma pequena pitada já será suficiente, mais ou menos a proporção da cabeça de um palito de fósforo. A quantidade também varia de acordo com a capacidade de suportar os seus primeiros e imediatos efeitos.
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DOS EFEITOS

Na verdade, cada organismo é um universo e natureza distinta que tende a reagir de forma particularizada, mas temos percebido um padrão que normalmente se segue a todos. Sendo assim, vejamos: leve sensação de tonteira nos primeiros segundos ou até minutos após aplicação. Geralmente acontece nos primeiros dias da aplicação, até adaptação do seu organismo; suave ardência e sensação de frescor nas narinas, proveniente dos princípios ativos; poderá produzir uma sequência de espirros, nos primeiros segundos logo após a inalação, mas em poucos dias de uso, essa sensação logo após aplicação, desaparecerá; necessidade de logo após o uso, assoar o nariz e colocar toda secreção e catarros para fora (é bom mesmo que o faça); caso haja a incidência da ingestão do produto no momento da utilização, não se preocupe, não haverá nenhum problema, somente o paladar que poderá não agradar muito. Aplique com os olhos fechados, pois qualquer quantidade mínima nos olhos provocará ardência, mas caso ocorra, só lavar com água abundante. 

RECOMENDAÇÕES

Como já explicitamente citado acima, o Rapé 7 Ervas não se propõe a ser um medicamento e nem substituto dos mesmos. A utilização de produtos naturais é de uso e responsabilidade exclusiva de quem aprecia esta forma de auxílio à saúde humana. Temos a responsabilidade e preocupação de contra-indicar o uso do produto a menores de 18 anos, gestantes e lactantes, pessoas que sofrem com problemas cardiovasculares, pressão alta, bem como, pessoas com quadros em que apresente epilepsia ou qualquer outro que comprometa as funções neuropsíquicas.

SOMENTE A QUEM DESEJAR: pouco tempo após o fechamento da fórmula (pot pourri) recebi intuitivamente uma consagração no momento em que fui utilizar o rapé e que até hoje sempre a utilizo antes de aspirar o produto. Recomendo e deixo aqui para somente aqueles que desejam utilizá-lo, não só pelas suas propriedades terapêuticas naturais, mas também por aqueles que queiram potencializar com energias positivas pessoais. Eis a imantação: "Pela chama Divina que habita em meu ser e com a luz destas ervas sagradas, minha autocura é despertada."

*na língua Patxôhã da etnia indígena Pataxó - BA - Brasil.

Ahow... Boa caminhada a todos! Saudações Xamânicas!
Hugo Acauã

terça-feira, janeiro 05, 2010


O RESGATE DA ALMA

por Sandra Ingerman

Imagine-se sentado em um círculo, com outros membros de sua comunidade. Vocês se juntaram a fim de auxiliar um membro da comunidade, que está sofrendo uma experiência traumática. Você sabe que se uma pessoa está sofrendo e doente, isto afetará toda a comunidade. Assim, vocês vieram ajudar a fechar o círculo onde ocorrerá a cura.

Está escuro e as estrelas brilham fortemente no céu. O ar está parado. Todos se sentem seguros nos braços amorosos do universo e não há dúvidas de que a cura acontecerá a todos presentes.

O xamã começa a tocar o tambor e a dançar, chamando para si o poder do universo, enquanto coloca de lado seu ego e se transforma em um recipiente vazio, que se enche com a ajuda dos espíritos.

O cliente encontra-se parado no meio respirando profundamente, e assim entrando em um estado receptivo, para receber novamente sua alma perdida; sua vitalidade perdida.

O xamã canta sua jornada em voz alta, enquanto tenta descobrir para onde a alma do cliente fugiu. Assim que a encontra, devolve-a para dentro do coração do cliente, cujo corpo é preenchido pela luz da vida.

A felicidade toma a todos, pois quando um membro se cura, todos se curam. A comunidade está novamente inteira e pode viver em paz e harmonia.

O trabalho foi realizado.

Xamanismo é a mais antiga prática espiritual conhecida pela humanidade. Através de evidências arqueológicas, sabemos que xamanismo é praticado pelo mundo inteiro há pelo menos 40.000 anos. Entretanto, muitos antropólogos acreditam que a prática surgiu a cerca de 100.000 anos. E o mais incrível é que xamanismo ainda é praticado pelo mundo afora hoje em dia. Uma prática tão antiga e que ainda é praticada até hoje em dia tem que ser poderosa.

A palavra xamã vem da tribo siberiana Tungus e significa “aquele que enxerga no escuro”. Xamanismo vem sido praticado em partes da Ásia, Europa, África, Austrália, Groenlândia, e entre os nativos das Américas do Norte e do Sul.

Um xamã é um homem ou uma mulher que interage com os espíritos para descobrir os aspectos espirituais de uma doença, realiza o retorno das almas, adquire informações divinas, ajuda os espíritos de pessoas falecidas a transcenderem, e realiza uma série de cerimônias para a comunidade. Xamãs possuem muitas funções dentro das comunidades tribais. Eles atuam como curandeiros, doutores, sacerdotes, psicoterapeutas, místicos e historiadores.

Os xamãs procuram a forma espiritual da doença, que pode se manifestar em nível emocional ou físico. Quando eu fiz a pesquisa para meu livro Soul Retrieval Mending the Fragmented Self, descobri que a maior parte das culturas xamanistas do mundo acredita que a doença é causada pela perda da alma.

Dizem que sempre que sofremos um trauma físico ou emocional, um pedaço de nossa alma deixa o corpo, tentado sobreviver ao trauma. A definição de alma que utilizo é a nossa essência, força vital, a parte de nossa vitalidade que nos mantém vivos e prósperos.

Os tipos de trauma que poderiam causar a perda da alma em nossa cultura são: qualquer tipo de abuso sexual, físico ou emocional. Outras causas seriam: um acidente, estar em meio a uma guerra, ser vítima de um ato terrorista, agir contra nossa moral, estar em meio a um desastre natural (um incêndio, furacão, terremoto, tornado, etc), cirurgia, vícios, divórcio ou morte de um ente querido.

Qualquer evento que cause um choque pode causar a perda da alma. E um acontecimento que causa a perda da alma em uma pessoa pode não ter o mesmo efeito sobre outra. Xamãs acreditam que despertadores podem causar a perda de alma. Acredito que todos nós sabemos o que isto significa.

É importante entender que a perda de alma é algo de bom que nos acontece. É assim que sobrevivemos à dor. Se eu soubesse que estava para sofrer um acidente de carro, o último lugar onde desejaria estar na hora do impacto seria no meu próprio corpo. Meu psicológico não agüentaria esse tipo de dor. Por este motivo, nossa psique possui este brilhante método de autodefesa, onde parte de nossa essência, ou alma, deixa o corpo, para que não sintamos todo o impacto da dor.

Na psicologia, chamamos este método de dissociação. Mas na psicologia, eles não falam sobre o que exatamente é separado e para onde essa parte vai. No Xamanismo, descobrimos que parte da nossa alma deixa o nosso corpo, e vai para um território que xamãs denominam como realidade não ordinária, onde espera até que alguém intervenha nos reinos espirituais e facilite seu retorno.

Mesmo que a perda da alma seja um mecanismo de sobrevivência, o problema do ponto de vista xamânico é que a parte separada raramente volta ao corpo por si própria. A alma pode se perder, ou ser roubada por outra pessoa, ou ainda não sabe que o trauma já passou e que é seguro voltar.

Sempre foi função do xamã entrar em um estado alterado de consciência e descobrir para onde a alma escapou, entre as realidades alternativas, para enfim trazê-la de volta ao corpo do cliente.

Há vários sintomas comuns de perda de alma. Um dos mais comuns é a dissociação, em que a pessoa não se sente completamente em seu próprio corpo, ou completamente engajada em sua vida. Outros sintomas incluem depressão crônica, tendências suicidas, síndrome de estresse pós-traumático, problemas de deficiência imunológica, e aflição que simplesmente não acaba. Vícios também são sinais de perda de alma, pois buscamos fontes externas para preencher os espaços vazios dentro de nós, seja com substâncias, comida, relacionamentos, trabalho, ou comprando coisas materiais.

Volta e meia, alguém diz: Nunca mais fui o mesmo, desde tal evento... e isso não indica que a perda de alma ocorreu de uma forma positiva.

É visível quanta perda de alma ocorre hoje em dia, conforme colocamos o dinheiro acima da vida. Toda vez que alguém diz termos que matar outras formas de vida a fim de ganhar dinheiro, essa pessoa está sofrendo perda de alma. Toda vez que alguém acha que comprar outro carro ou juntar mais riquezas materiais trará felicidade, essa pessoa está sofrendo perda de alma. Como é possível observar, hoje em dia ocorre uma grande quantidade de perda de alma planetária, devido ao modo como agimos uns com os outros e com toda a vida.

Estado de coma também é perda de alma. Mas no caso da coma, uma parte maior da alma se encontra fora do corpo. É muito complicado lidar com estados de coma hoje em dia, por vários motivos. É necessária muita habilidade do xamã para descobrir para onde está indo a alma. Será que a alma deseja voltar ao corpo ou será que ela precisa de ajuda para voltar, o que levaria à morte do paciente? Há muito o que dizer sobre este tema, que vai além da extensão deste artigo.

Hoje em dia, há o ressurgimento do interesse na prática de xamanismo. Agora, possuímos centenas de maravilhosos profissionais xamânicos, que introduziram novamente a prática do resgate da alma à nossa cultura.

É interessante remarcar que como a perda de alma era bem explicada em culturas xamânicas, as pessoas que sofriam traumas recebiam tratamentos de recuperação da alma até três dias após o trauma ocorrido.

Como hoje em dia não se pratica tanto a recuperação da alma, os profissionais modernos passam dez, vinte, trinta, quarenta ou mais anos em busca de partes perdidas de almas.

Ainda nas culturas xamânicas, as pessoas sabiam o que estava fora de equilíbrio em suas vidas, e possivelmente o que causou uma doença ou problema.

Em nossa cultura, não estamos cientes do que pode estar em desarmonia e, portanto, causando-nos uma doença. E como muitas vezes a perda de alma aconteceu quando éramos muito jovens, não conhecemos os padrões inconscientes em que vivemos devido à nossa primeira perda de alma. Estamos sempre tentando recuperar nossa alma. Fazemos isso repetindo o mesmo trauma constantemente. Os nomes envolvidos em nossa história de vida podem mudar, mas a história tende a ser sempre a mesma.

Os efeitos obtidos pela recuperação da alma variam de pessoa para pessoa. Algumas pessoas se sentem mais ligadas aos próprios corpos, mais sólidas. Algumas pessoas se sentem mais leves e uma forma de viver mais prazerosa acontece em retorno. Algumas memórias de traumas passados podem ser ativadas, trazendo à tona muitos sentimentos que devem ser trabalhados. E para algumas pessoas, os efeitos são sutis demais, sendo percebidos apenas após o trabalho de integração de alma.

Conforme as pessoas se sentem mais presentes em seus corpos e no mundo, tornam-se mais conscientes do comportamento que tira seu equilíbrio e harmonia.

Quando ficamos entorpecidos, devemos estar cientes de que as coisas não estão no lugar neste mundo, mas nos distraímos facilmente do sentimento de que precisamos mudar. Quando estamos “espiritualizados”, não há lugar para onde voltar e nos inspiramos mais a mudar nossas vidas.

Eu acredito que quando uma pessoa tem sua alma de volta, ela possui um trabalho a realizar. Se a pessoa já realizou muitos trabalhos pessoais, o resgate da alma pode ser o fim desses trabalhos. Caso contrário, o resgate da alma seria o começo de seu trabalho.

Agora, é dever do cliente saber como criar um modo de vida saudável e atrair relacionamentos sadios que trarão integridade e uma vida cheia de salubridade. Como desejamos utilizar a energia que retornou devido a o resgate da alma e nossa criatividade que também voltou para criar um presente e um futuro positivos para nós? E como trazer paixão e sentido de volta à nossa vida, para que possamos prosperar, ao invés de sobreviver? Todos esses assuntos, que chamo de “vida após a cura”, são cruciais para criar uma cura definitiva após o resgate da alma.

Eu escrevo sobre as práticas espirituais que podemos incorporar as nossas vidas, a fim de criar presente e futuro positivos em meus livros Welcome Home: Seguindo Sua Jornada da alma para casa =Following Your Soul’s Journey Home e Medicine for the Earth: Como Transformar Toxinas Pessoais e Ambientais.

Conforme vocês lêem estas palavras, certamente enxergarão a relevância da recuperação da alma em suas próprias vidas e a importância de ajudar as pessoas a se “espiritualizarem” novamente, para o bem de nosso planeta.

Este é um trabalho vital para os tempos modernos. A Terra quer seus filhos em casa, e os quer em casa agora. É hora de voltar para casa e tomar o lugar que é nosso por direito de volta na terra. É nosso direito de expressar nossas almas e criar o mundo onde desejamos viver. E é nosso direito brilhar tanto quanto as estrelas. É hora de compartilharmos novamente a luz do mundo.



Fonte: http://www.sandraingerman.com/soulretrieval/soulretrievalportuguese.html